quarta-feira, 3 de março de 2010

TREINAMENTO PARA ATLETAS DE ENDURANCE

Treinar atletas de endurance (maratona, triatlon, etc) pode ser uma tarefa ingrata ou bem sucedida, dependendo da sua capacidade de entender esse publico. A verdade é que os atletas de endurance, profissionais ou amadores, têm um monte de qualidade que fazem deles clientes desejáveis.Eles são geralmente muito motivados, precisam de ajuda e, muitas vezes tem boas condições financeiras.

Há algumas coisas que precisamos entender para treinar atletas de endurance e a primeira delas é "Por que eles escolheram o endurance?".

Algumas considerações ajudam a responder esta questão:

1) Predisposição Genética - Eles sempre foram bons em atividades de maior duração

2) Predisposição Mental - Eles têm o que os especialistas chamam de perfil tipo A. São extremamente tolerantes às solicitações impostas pelas atividades.

3) Combinação das duas primeiras.

As características de predisposição genética e personalidade são primeiramente fatores positivos, mas podem facilmente se voltarem contra você. Altos níveis de motivação e trabalho podem inicialmente produzir grandes resultados. No entanto, muitas vezes eles também produzem lesões. O que faz você treinar duro pode fazer também você se lesionar.

A verdade é que o treinamento de endurance provavelmente não é bom para ninguém. O índice de lesões nesta população é alto, as exigências das modalidades de endurance são muitas vezes desumanas, porém nenhum atleta quer ouvir isso. Isto é o que eles fazem e não estão dispostos a mudar porque você ou eu achamos que ele pode se lesionar. Então aprendi que se você não pode mudá-los, então os ajude.

Uma profissão parceira das modalidades de endurance é a fisioterapia. E os fisioterapeutas tem muito a agradecer aos entusiastas da atividade aeróbia dos anos 70 (Cooper e demais), por todo esse boom das atividades de longa duração

Os atletas de maratona que conheci nos ultimos tempos têm fisioterapeutas que são quase parentes, isso devido à quantidade de vezes que eles vão a seus consultórios. Mike Boyle (www.strengthcoach.com) coloca essas lesões no que ele chama de "Ciclo do Endurance", que funciona da seguinte maneira:

Treino--->Lesão--->Reabilitação/Fisioterapia--->Treino--->Lesão--->Reabilitação/Fisioterapia

Esta perspectiva é tão verdade que muitos atletas têm a lesão como uma coisa intrínseca à sua vida e quando a adquire não se surpreende, pois são “normais”.

O excesso de lesões que acometem esse público é acompanhado por igual nas tentativas mal sucedidas de resolver esses problemas, principalmente porque temos um sistema de saúde voltado ao sintoma e não à origem da doença. Uma outra questão que Boyle cita é o caso dos “Três Is”, que tem mais ou menos esta dinâmica:

Adquiri-se uma lesão e a partir daí:

1) Ingesta de Antiinflamatórios – sem interrupção dos treinos

2) Injeção de Antiinflamatórios – sem interrupção dos treinos

3) Intervenção Cirúrgica, o famoso “vamos dar uma olhadinha” – com interrupção obrigatória dos treinos.

Uma lesão, não sendo traumática (acidente envolvendo queda, por exemplo), é resultado do que chamamos de “overuse”, e vai sendo construída ao longo dos tempos até se tornar limitador da atividade, e aí os “Três Is” entram em ação.

O que fazer então?

Primeiramente é descobrir o local ORIGEM da lesão. Boyle cita um exemplo em seu texto Training Endurance Atlhetes que ilustra bem esse ponto. Pegue uma banda elástica (Terá Band ou outra qualquer) e posicione envolvendo a parte posterior da cabeça de alguma pessoa. A seguir puxe tracionando a cabeça do indivíduo à frente. Provavelmente ele sentirá algum incomodo que não é devido a algum problema na cervical ou cabeça dele, mas sim à band. As chances de uma lesão no joelho ter como causa as estruturas que formam esta articulação são baixas, muito provavelmente quadril ou joelho (ou ambos) estão em desequilíbrio provocando esta instabilidade que causa a lesão.

Uma vez que se descobre o desequilíbrio que causa a dor ou lesão, as chances de sucesso num tratamento/treinamento são enormes.

Quanto ao treino: TREINAMENTO INTERVALADO. Provavelmente eles não gostarão da idéia de treinar curto e rápido pois estão muito adaptados as solicitações longas, porém é fato que o treinamento intervalado promove maiores ganhos cardiorespiratórios do que o convencional, além de promover adaptações favoráveis no metabolismo anaeróbio, ou seja, melhora a capacidade de suportar altas intensidades de treino.

Treine FORÇA. Para um atleta de endurance, duas sessões de treino de força semanais bem realizados podem mudar suas vidas. Mantenha o programa breve e simples. Trabalhe mobilidade de tornozelos, quadris e coluna torácica em seu aquecimento. Trabalhe estabilização dos joelhos e coluna lombar, através de um programa adequado para core e parte inferior do corpo. Seja específico nos estímulos. Trabalhos de perna única são excelentes para estes atletas.

Trabalhe os pontos fracos de seu atleta. Compre um rolo de EVA ou espuma para liberação miofascial. QUALIDADE e não quantidade.

Para terminar, vá com calma, não queira mudar a sua vida ou de seu atleta de uma única vez. Introduza aos poucos uma nova rotina a ele.

BONS TREINOS

Rafael Felix

Um comentário:

  1. Esse ficou bom pra caramba, achei melhor que os outros. Abraços

    Diego Couto

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